A economia circular no Brasil é uma nova forma de pensar a produção, visando um novo relacionamento com recursos e sua utilização pela sociedade.
Sustentabilidade! Esse deveria ser o grande foco das ações idealizadas por empresas brasileiras. Cada vez mais fica demonstrado que o compromisso com práticas ambientais, sociais e de governança é o que de fato irá garantir a perenidade de uma grande empresa. E dentre as muitas ações, nos últimos anos, a economia circular vem ganhando espaço, principalmente por associar o máximo desenvolvimento econômico a um melhor uso de recursos naturais.
Priorizando o desenvolvimento sustentável, a economia circular representa uma nova forma de pensar o futuro da sociedade, dissociando a prosperidade econômica e o bem-estar humano de um consumo cada vez mais crescente de novos recursos.
Ao longo deste artigo, entenda o que é a economia circular e quais são seus benefícios para a sustentabilidade.
Conheça também exemplos reais de empresas que já garantem um desenvolvimento mais sustentável por meio da adoção dessa dinâmica.
Para entendermos o que é economia circular e quais são seus benefícios, precisamos antes entender como funciona o processo produtivo atual, intitulado economia linear.
Dentro da economia linear, adotado desde a revolução industrial, o crescimento econômico e a geração do lucro dependem do uso de recursos finitos. O resultado disso é o esgotamento de muitas matérias-primas.
Assim, menos recursos disponíveis significa a necessidade de elevar os custos para extração da matéria-prima, resultando em instabilidade e insegurança sobre a continuidade do sistema.
Em resumo, a prática da economia linear sempre foi a de extrair-produzir-descartar.
A economia circular surge para mudar essa forma de produzir e utilizar os produtos. Ela guia o setor a encontrar novas formas – bem mais inteligentes e sustentáveis – de produzir alimentos, roupas, máquinas ou qualquer outro produto, mas sem que para isso seja necessário esgotar os recursos naturais do planeta.
Em uma lógica circular, deixamos de pensar nas pessoas como “consumidoras”, mas sim “usuárias” dos produtos e serviços, abrindo espaço para novos modelos de negócio que permitam a valorização máxima dos recursos empregados na produção.
Podemos entender a economia circular como uma proposta de utilização de um determinado material até o seu esgotamento total, ou seja, até um ponto em que os recursos ali presentes não possam mais ser recuperados, reutilizados ou reciclados. No limite, o desejável é que esse ponto de esgotamento não seja atingido nunca e tenhamos produtos e serviços desenhados de modo a permitir a recuperação total do valor dos materiais ao longo de seu ciclo de vida, não resultando nunca em rejeitos.
A economia circular no Brasil tem como propósito a eliminação do conceito que entendemos como lixo, ou seja, cada material é reaproveitado em fluxos cíclicos. Isso possibilita sua trajetória dentro de um conceito conhecido como berço ao berço (Cradle to Cradle, em inglês) – onde o produto, ao invés de ser descartado, volta a ser outro produto, preservando e transmitindo seu valor.
Dentro dessa proposta, o destino final de um material deixa de ser uma questão que engloba apenas o gerenciamento de resíduos, mas passa a fazer parte de um processo de design de produtos e sistemas que já foram desenvolvidos, desde a sua concepção, com o pensamento de como manter o valor dos recursos ali empregados.
Vale citar um exemplo bastante comum da possibilidade da aplicação da economia circular: a reutilização do plástico, que, como todos sabemos, demora centenas de anos para se decompor.
Dentro de um projeto de economia circular, a garrafa de plástico de refrigerante, por exemplo, pode ser redirecionada para uma nova função, como o armazenamento de outro líquido, ou até outras não tão óbvias, como a fabricação de roupas a partir de tecido feito com PET. Mas, desde o início de sua concepção, esta garrafa plástica poderia já ser fabricada evitando a mistura de plásticos, de diferentes tipos e cores, o que facilitaria sua reciclagem ao final da vida útil.
Agora, imagine o impacto dessa ação em milhares ou milhões de garrafas e outros utensílios de plástico utilizados no Brasil e em todo o mundo. Todo o mundo seria beneficiado!
Esse novo pensamento surge para mostrar à sociedade que é possível transformar o atual sistema industrial, social e econômico, propondo uma nova forma de relacionamento com nossos bens e serviços, economizando recursos e gerando novos tipos de negócio que permitam criar empregos e bem estar às comunidades locais.
Assim, a economia circular no Brasil apresenta uma ideia e uma proposta mobilizadora, mostrando para a sociedade que é possível adotar interações benéficas entre a humanidade e o planeta, sempre com uma visão positiva do futuro que todos nós precisamos construir.
Como vimos anteriormente, a economia circular é fundamental no contexto atual, pois permite que a sociedade consiga promover uma adequação no que seria o final do processo da economia linear.
Cabe à economia circular adicionar mais fases e processos aos sistemas de produção, estendendo a vida útil dos produtos, sempre dentro do escopo do desenvolvimento sustentável.
Essa dinâmica traz muitos outros benefícios, pois permite eliminar desperdícios em toda a cadeia produtiva, trazendo melhores possibilidades para a indústria, para seus parceiros e para o cliente final.
Empresas que investem na economia circular no Brasil também conseguem melhorar sua imagem perante os colaboradores, consumidores e a sociedade, dando a elas a possibilidade de serem vistas como organizações responsáveis que zelam pelo bem-estar da população e a sustentabilidade do planeta.
No escopo econômico, este conceito também pode ser um fator de inovação de negócios, com novas estratégias sendo pensadas para reduzir o impacto ambiental do sistema de produção, por meio do reuso, compartilhamento, manutenção, remanufatura e a reciclagem.
Os demais benefícios da economia circular são:
Redução de custos;
Cumprimento de aspectos legais, caso da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS);
Faz a empresa entrar na Economia de Baixo Carbono;
Ganho em competitividade e promoção do desenvolvimento econômico sustentável.
Centros científicos de excelência, grande mercado consumidor e uma diversificada base industrial fazem do Brasil um país com muitos atrativos para o surgimento de projetos baseados em economia circular.
Diante desses atrativos, os projetos de economia circular crescem no Brasil. Uma pesquisa feita pela CNI em 2019 mostra que 76,5% das indústrias já desenvolvem alguma iniciativa de economia circular, mesmo não sabendo que as ações por elas realizadas se enquadram nesse conceito.
Entre as principais práticas citadas pela pesquisa estão:
Otimização de processos;
Uso de insumos circulares;
Recuperação de recursos.
Dessa forma, muitos são os exemplos de economia circular no Brasil. A GM&C, por exemplo, atua de forma pioneira na logística reversa de eletroeletrônicos desde 2002, tendo hoje tecnologia para recuperar quase 100% dos materiais presentes nos resíduos de equipamentos eletroeletrônicos.
A engarrafadora Coca-Cola FEMSA do Brasil também celebrou em meados de 2020, a reciclagem de 100 milhões de garrafas PET em apenas um ano, por meio do centro de coleta SustentaPET.
Este é um local que funciona em parceria com catadores de material reciclável e cooperativas, fortalecendo sua atuação e colaborando para o destino correto de resíduos.
A Brasken é outra empresa que atua em vários projetos de reaproveitamento de seus materiais dentro do sistema de produção. Na indústria de alimentos, como chocolates e bolachas, por exemplo, empresas já usam as sobras da produção para fabricar compostos destinados à nutrição animal, com alto valor energético.
Por fim, é importante ressaltar que o salto dos negócios baseados em economia circular no Brasil depende ainda de mudanças regulatórias que garantam estímulos às empresas, principalmente em relação à tributação.
Para entender melhor sobre os processos baseados em produção sustentável continue acompanhando o blog da GM&C.